Cefaleias Primárias. Seminário. Curso de Medicina da Famema

enxaqueca- laranjaSeminário apresentado pelos alunos do 4º ano do curso de medicina da Famema – Caio de A. Staut, Carolina F. S. Vianna, Felipe A. Nozaki, Gabriella M. Russo e Henrique C. Kirzner – discorrendo sobre o tema: Cefaleias  Primárias.

O reconhecimento de fatores precipitantes pode ajudar no estabelecimento do diagnóstico da cefaleia, como é o desencadeamento instantâneo de crises de cefaleia em salvas após a ingestão de álcool, ou àquelas desencadeadas por consumo de queijos, vinhos (migrânea).

Algumas cefaleias podem ser acompanhadas de sintomas que antecedem a dor propriamente dita, como alterações visuais de curta duração (aura visual), pontos luminosos na visão, alteração de humor, astenia e depressão.

A dor pode ser pulsátil, latejante, “pressão”, aperto e ou lancinante, além de fraca, moderada e ou intensa, constante ou em salvas.

Pode ser unilateral, bilateral, holocraniana, frontal, retro-ocular e occipital ou mesmo seguindo o padrão de distribuição da primeira divisão do nervo trigêmio (V par).

As dores de cabeça também podem se manifestar associadas à sintomatologia autonômica (náuseas, vômitos, hiperemia ocular, lacrimejamento, obstrução nasal, sensibilidade à luz e ao som) ou mesmo sistêmica, como perda de peso recente, febre, mal-estar, cansaço e inapetência.

As cefaleias primárias não apresentam uma causa especifica, podendo a mesma ser de natureza multifatorial e de caráter hereditário, ao contrário das cefaleias secundárias, que apresentam uma causa patológica evidente.

As dores de cabeça podem se manifestar de modo súbito, subagudo ou crônico.

As cefaleias de início agudo ou súbito geralmente constituem manifestação de uma patologia intracraniana como hemorragia subaracnóide ou de outras doenças cérebro-vasculares ou infecciosas (meningites / encefalites).

Podem ocorrer após punção lombar para diagnóstico de enfermidades neurológicas ou mesmo durante manobras fisiológicas que possam aumentar a pressão intra-abdominal, e consequentemente a intracraniana, como exercícios físicos intensos e relações sexuais.

Àquelas de manifestação subaguda, podem ser resultantes de enfermidades inflamatórias do tecido conjuntivo, como artrite de células gigantes, ou mesmo de processos tumorais intracranianos (tumores cerebrais, abscessos cerebrais, metástases cerebrais, hematomas subdurais), além de hipertensão intracraniana benigna (pseudotumor cerebral), e crise hipertensiva.

As cefaleias crônicas, geralmente são de natureza primária, e são resultantes, na maioria das vezes, das enxaquecas, cefaleias tensionais e cefaleias em salvas.

A alta prevalência das cefaleias colaborou para que se criasse na população o costume de consumir indiscriminadamente analgésicos.

Em busca do alívio imediato da dor, as pessoas ingerem analgésicos sem prescrição ou acompanhamento médico.

As doses progressivamente altas desses medicamentos, ao invés de eliminar a dor, contribuem para o agravamento da cefaleia.

Se utilizadas frequentemente em quantidades excessivas, separadamente ou em combinação, esses analgésicos e outras medicações para dor podem perpetuar a cefaleia, tornando-se um problema crônico diário, como tem sido constatado por diversos estudos em cefaliatria.

De acordo com alguns estudos as pessoas podem chegar a consumir de 14 a 30 comprimidos por semana e alguns, de 10 a 12 por dia.Cada indivíduo chegando a usar em média dois a cinco tipos de medicamentos sintomáticos: cafeína; paracetamol; anti-inflamatórios; antiespasmódicos; aspirina; descongestionante nasal e anti-histamínicos; propoxifeno; butalbital; ergotamina; triptanos e narcóticos.

A falta de resposta ao tratamento é uma das principais características das cefaleias induzidas por sintomáticos.

É constatado que pacientes que consumem simultaneamente medicações analgésicas e profiláticas continuam sofrendo de cefaleia diária ou quase diária, ficando assim indicado que os medicamentos profiláticos são ineficazes na prevenção das cefaleias, quando associadas aos analgésicos.

Os estudiosos definem a cefaleia induzida por drogas ou relacionadas, como uma cefaleia diária ou quase diária, refratária a tratamento com as seguintes características:

  • ocorrem em pacientes com cefaleias primárias que utilizam medicamentos sintomáticos com muita frequência, geralmente em quantidades excessivas;
  • desenvolvimento de tolerância aos analgésicos e piora da dor com a continuidade do uso dessas drogas;
  • os pacientes podem apresentar sinais de abstinência com a interrupção da medicação, manifestando piora da cefaleia por período de tempo variável (em média três a quatro semanas);
  • a cefaleia melhora efetivamente após a interrupção dos medicamentos, embora a cefaleia primária torne necessária a manutenção de um tratamento profilático.

Portanto as cefaleias induzidas por medicamentos sintomáticos representam um grande desafio pela complexidade do quadro clínico, envolvendo o uso de múltiplos medicamentos, além de anomalias comportamentais e psicológicas.

Procure um especialista para o diagnóstico de sua cefaleia.

O Ambulatório de Cefaleia –  Ambulatório Mario Covas- atende encaminhamentos do Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.

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