Na crise de falta de cenários de ensino-aprendizagem, nos quais alunos possam efetivamente estagiar, e serem futuros profissionais da área da saúde comprometidos com os artigos insculpidos na Constituição Federal de 88, tais como, integralidade, universalidade e equidade recomendo um cenário nada convencional: o Planeta Pandora.
Lá os nativos lutam por seus ideais, custe o que custar.
Em Pandora, os colonizadores humanos e os Na’vi, nativos humanóides, entraram em guerra pelos recursos do planeta, e a continuação da existência da espécie nativa.
Os pesquisadores humanos criaram o Programa Avatar, híbridos humano-Na’vi geneticamente modificados.
Um humano que compartilhe material genético com um Avatar é mentalmente ligado, e pode se conectar através de conexões neurais que permitem o controle do corpo do Avatar.
Um belo filme de James Cameron.
Um cenário que poderá ser supervisionado por professores defensores do “PBL made in Brazil ou à brasileira”, uma vez por semana, se ligando mentalmente aos “professores colaboradores” como no filme Avatar [leia-se sem Residência Médica] para supervisionar alunos do curso de medicina.
Seria um Avatar Pedagógico ?
O interessante é que os docentes defensores do PBL “made in Brazil” não parecem muito estimulados a irem presencialmente à Pandora.
Por que será ?
As USF(s) do Planeta Pandora têm poucos médicos com Residência em Medicina de Família e Comunidade, mas no modelo “PBL made in Brazil” vale a supervisão desses “professores colaboradores” sem especialização médica ou Residência Médica para supervisionar os alunos.
E o argumento dos defensores da ida de alunos do curso de medicina realizarem estágio na USF do Planeta Pandora é a de que os alunos devem conhecer o SUS.
E como supervisionar alunos em Pandora se os “professores colaboradores”, com raras exceções, não têm Residência Médica ?
E para piorar há docente que supervisiona alunos em Pandora , que também não tem Residência Médica, e nunca atendeu em ambulatórios e hospitais [docente de parasitologia orientando pacientes em USF].
É surreal.
E a nota elevada do Enade, que avalia conhecimentos de alunos, contudo, nada avalia da infraestrutura da faculdade.
Um falso sucesso ancorado em alunos que fizeram Med Curso e SJT.
Todos os alunos de faculdades modelo “PBL made in Brazil” já fizeram um ou dois anos de Med Curso ou SJT.
Então, nota 5,0 para os cursos preparatórios, e não para a faculdade [a nota vai de 0 a 5].
Nesse cenário de incertezas, Pandora se apresenta com uma excelente opção de estágio.
Planeta distante, cenário desconhecido e incertezas para alunos ávidos de conhecimento.
Os docentes irão supervisionar como no modelo do filme Avatar instalado em Pandora ?
Adormecem em câmaras de sono , e supervisionam como Avatares alunos em outras cidades distantes da faculdade em campo de estágio ?
“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro”.
Mario Quintana