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Medicina da UFSCar com modelo PBL em crise institucional!

O anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff, no dia 24/06/2013, da criação de 11 mil vagas em medicina do  Programa Mais Médicos como forma de levar profissionais para o interior do país,  aconteceu no momento em que coordenadores da UFSCar estão pressionados pelos alunos para estagiarem em Hospital Escola.

O curso de medicina da UFSCAR foi idealizado no  modelo “PBL made in Brazil”.

A UFSCar  entrou em crise nesse ano de2013.

Os alunos deram um exemplo de cidadania lutando pelo direito à educação no ensino superior com padrão de excelência.

Os alunos se mobilizaram contra a falta de apoio do Ministério da Educação (MEC) para garantir a qualidade da formação de novos médicos.

Criada há menos de 10 anos, o curso de medicina da UFSCar  faz parte da proposta do governo de interiorizar o ensino da medicina, garantindo que os médicos recém-formados permaneçam nas comunidades onde há falta de profissionais.

O discurso é interessante, mas na verdade faltam hospitais, laboratórios de ensino, preceptores no internato, professores qualificados e modelo de ensino com qualidade.

No entanto, sem contar com hospital universitário, essas instituições dependem de arranjos políticos para permitir que os alunos façam as aulas práticas nos hospitais da rede local.

Os alunos migram para cidades vizinhas, e são recebidos pelos secretários municipais de saúde de outras cidades, os quais permitem estágio em USF e ou UBS, ou ainda, enfermarias de hospitais.

Bom para um só lado.

O lado dos secretários municipais de saúde, os quais politicamente ofertam mais serviços aos usuários do SUS.

O profissional supervisor desses alunos em USF e ou UBS que  recebem esses alunos ganha uma gratificação salarial da faculdade na qual os alunos estão matriculados.

Um bônus salarial pago pela faculdade aos “professores colaboradores”, e, na verdade, muitos sem Residência Médica, para orientarem os alunos.

Os “facilitadores de ensino”…

Além disso, os coordenadores  da UFSCar dizem que a falta de professores, e de preceptores (médicos responsáveis por acompanhar os alunos durante as aulas práticas nas unidades de saúde), somados à estrutura precária, inviabilizam a continuidade do trabalho.

“Os coordenadores de cursos de medicina sem hospitais, as universidades e os docentes já esgotaram toda a criatividade e improvisação possíveis para a sustentabilidade desses cursos, bem como já enfrentaram todos os riscos administrativos toleráveis, ao ponto em que a manutenção e a subsistência dos mesmos não são mais possíveis”, conforme documento de coordenadores de cursos de medicina em universidades federais entregue ao MEC em março desse ano.

Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo, os alunos do terceiro e do quarto ano de medicina ficaram sem aulas práticas por mais de 100 dias por falta de preceptores.

Um edital foi aberto para preencher 31 vagas, mas até agora menos de 10 médicos demonstraram interesse.

O salário irrisório  afasta os pretendentes.

De acordo com o coordenador do curso – Bernardino Geraldo Alves Souto – os médicos que atendem na rede de saúde ganham uma bolsa de pouco mais de R$ 1 mil para auxiliar os estudantes durante as aulas práticas.

É isso mesmo, R$ 1.000,00 para ser “preceptor colaborador” !

Literalmente uma afronta ao profissional que será o “professor colaborador”.

O valor é considerado baixo, e  não atrai os profissionais, que além do trabalho, ainda assumiriam a responsabilidade de supervisionar o atendimento feito pelos estudantes nas unidades de saúde na atenção básica.

“Esses cursos estão correndo muitos riscos. A nossa expectativa é que o MEC tome providências, senão vamos cortar vagas e alguns cursos, como o da UFSCar, podem até ser fechados”, disse o professor, que propõe a criação de um plano de carreira para atrair os preceptores para o trabalho junto às universidades. Sem direitos trabalhistas, com salários que muitas vezes são pagos com até meses de atraso, os poucos que se dispõem a auxiliar na preceptoria, segundo Bernardino, o fazem por “caridade”.

Nas  faculdades de medicina modelo “PBL made in Brazil” é frequente a inserção de “professores colaboradores” [muitos sem Residência Médica] na grade curricular, mas que na verdade os salários são pagos pelos prefeitos dos municípios, e a gratificação paga pelas faculdades para que os mesmos  recebam esses alunos  provenientes do curso de medicina.

O movimento foi encerrado no mês passado, após várias audiências com a reitoria, e até com o MEC, mas sem nenhum avanço concreto na UFSCar.

Ana Clara, aluna do 3º ano, informou que quando passou no vestibular da UFSCar – um dos mais concorridos entre as instituições públicas (na última seleção foram 210 candidatos por vaga) – pensou estar realizando o sonho de estudar em uma nas melhores escolas de medicina. “Isso que está acontecendo é uma maldade com o aluno. Você entra em uma universidade pública federal, e pensa que não tem como ser ruim. Só que aí chega num lugar sem estrutura nenhuma.”

O curso da UFSCar depende da disposição política da prefeitura de permitir que os médicos da rede diminuam o número de consultas para que possam auxiliar os alunos da universidade com o trabalho de preceptoria, o que enfrentou resistências da atual administração.

O sucateamento na educação atinge também alguns cursos de medicina.

E como atinge…

Alguns alunos precisam viajar até a cidade de Piracicaba para fazer as aulas do internato em um hospital local.

Que situação terrível…

A  proposta do MEC  é o estímulo para que profissionais da área médica atuarem como professores nas universidades do interior do País.

A ideia dos coordenadores do curso é criar uma espécie de bolsa, no valor mensal de R$ 8 mil por um período de dois anos, que incentive a fixação dos docentes em regime de tempo integral, complementando o valor do salário.

Enfim, os nossos sinceros parabéns  a esses fantásticos alunos que lutaram por melhorias no ensino superior.

Não ficaram dormindo em berço esplêndido.

E nem nas margens do Ipiranga…

O aprender a aprender da UFSCar é mais um exemplo do neoliberalismo na educação em ensino superior.

Em defesa de ensino superior público com qualidade !

Sucateamento no ensino em cursos de medicina tem um culpado:

É  o modelo “PBL made in Brazil” com ares de pedagogia de vanguarda, mas que não passa de um estelionato pedagógico.

PBL em cursos de medicina – Um fiasco pedagógico !

MEC ENTERRANDO NOSSOS SONHOS

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

Nelson Mandela