Seminário apresentando pelos acadêmicos do 4º ano do curso de medicina da Famema Caio Shinoda e Caroline Coronado durante estágio no Ambulatório Neurovascular- Ambulatório Mario Covas- Educação em Ciências da Saúde.
AVC significa Acidente Vascular Cerebral, uma doença popularmente conhecida como “derrame cerebral”.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, ocorrem no mundo cerca de 6 milhões de mortes/ano relacionadas ao AVC, sendo grande parte nos países em desenvolvimento.
O AVC é a terceira maior causa de morte, depois das doenças coronarianas (7,2 milhões) e câncer (7,1 milhões), um número muito mais alarmante do que AIDS (2,8 milhões) ou outras doenças infecciosas, como tuberculose (1,6 milhões), que recebem a maioria dos recursos mundiais de saúde pública.
No Brasil, apesar de haver nítidas diferenças regionais na prevalência e mortalidade, decorrentes principalmente das influências étnicas e sócio-econômicas, recentes estatísticas indicam que o AVC é ainda a causa mais frequente de óbito em parte desta população.
Ocorre devido ao entupimento ou rompimento dos vasos sanguíneos do sistema nervoso central, determinando dois tipos de AVC:
– AVC Isquêmico: tem como causa alguma obstrução que reduz subitamente o fluxo sanguíneo em um artéria do cérebro provocando falta de circulação e diminuição da função neurológica.
Estima-se que cerca de 80% dos Acidentes Vasculares Cerebrais sejam isquêmicos.
– AVC Hemorrágico: é causado pelo rompimento de um vaso sanguíneo que provoca um sangramento no interior do redor do cérebro.
Fatores de risco
Dentre os vários fatores de risco, os principais são:
- Hipertensão Arterial;
- Doença Cardíaca- fibrilação atrial aguda ou crônica;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Diabetes mellitus;
- Colesterol elevado;
- Tabagismo;
- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Sintomas de AVC
A presença de déficit focal neurológico súbito como dificuldade para falar, perda visual, diplopia, formigamento ou déficit motor e vertigem são relacionados com maior probabilidade para o diagnóstico de ataque isquêmico transitório e AVC.
Estudos utilizando exames de imagem identificaram que a presença de paresia facial, déficit motor em membro superior e dificuldade na linguagem aumentam muito as possibilidades do diagnóstico correto de AVC.
O AVC isquêmico que envolve o território carotídeo pode se manifestar com isquemia retiniana e encefálica (com síndromes neurológicas que associam déficit de funções corticais, como afasia e déficit motor e/ou sensitivo).
Já o AVC isquêmico do sistema vértebro-basilar pode apresentar sintomas vestíbulo-cerebelares (vertigem, ataxia), anormalidades na movimentação ocular (diplopia) e déficit motor e/ou sensitivo unilateral ou bilateral, além das alterações visuais, como hemianopsia.
O Indivíduo vítima de AVC começa a apresentar subitamente os seguintes sintomas:
- fraqueza, formigamento ou diminuição da força na face, no braço ou na perna de um lado do corpo;
- alterações na fala, grande esforço para articular as palavras, estado de confusão e dificuldades de compreensão;
- perda da visão em um ou nos dois olhos;
- dor de cabeça súbita e intensa, sem haver causa aparente.
Averiguação do AVC- Escala FAST
Os médicos recomendam pedir à pessoa para:
- sorrir (irá mostrar um sorriso “torto”)
- levantar os braços (terá dificuldades em manter um deles levantado)
- pronunciar uma frase, por exemplo: “O Brasil é o país do futebol” (terá dificuldade para exprimir)
Esses são sinais de alerta para chamar imediatamente um serviço médico de emergência. Quanto mais rápido o paciente for socorrido, menor as chances de sequelas.
Escalas para o reconhecimento de AVC
O uso de escalas específicas para o reconhecimento do AVC aumenta a probabilidade do diagnóstico correto de AVC.
Muitas destas escalas foram idealizadas para o uso pré-hospitalar, com o intuito de auxiliar o rápido reconhecimento e tratamento dos pacientes com AVC, como a escala de Cincinnati, LAPSS, FAST e, mais recentemente, a escala ROSIER.
Estas escalas alertam para os principais sinais e sintomas e variáveis relacionadas ao AVC e devem ser utilizadas rotineiramente pelos serviços de triagem médica, tanto dos hospitais como dos serviços pré-hospitalares.
Alguns itens do exame neurológico têm uma baixa reprodutibilidade enquanto outros têm uma alta concordância entre os membros da equipe de emergência (ex. redução do nível de consciência).
Tratamento
O tratamento depende do tipo, da gravidade e do desenvolvimento de cada caso.
Urgentes medidas preventivas são obrigatórias para reduzir não somente a mortalidade, mas também a incapacidade funcional, frequente dos pacientes com AVC isquêmico.
Além disso, recentes avanços no tratamento dos pacientes com AVC isquêmico agudo provocaram mudanças radicais na conduta adotada durante a fase aguda, e impuseram aos sistemas de saúde uma nova visão de atendimento a estes pacientes, semelhante ao infarto agudo do miocárdio, em centros especializados com unidades específicas, as unidades de AVC.
No entanto, a viabilidade do tratamento dos pacientes com AVC isquêmico agudo somente será possível se os sinais e sintomas de AVC forem conhecidos pela população, os serviços de emergência forem ágeis e eficientes, e se houver conscientização das equipes clínicas, que deverão identificar e rapidamente tratar estes pacientes.
O paciente com início de AVC isquêmico geralmente é tratado com o uso de rtPA para dissolver o coágulo que está impedindo a circulação de sangue em até 4,5 horas.
O Ambulatório Neurovascular recebe usuários do Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.