Seminário de Epilepsia e Crises Epilépticas apresentado no Ambulatório de Cefaleia – Ambulatório Mario Covas – Famema- pelos alunos Ronaldo Vieira Filho e Simone Pasquarelli Desan- disciplinas Neurologia e Educação em Ciências da Saúde.
As crises epilépticas têm uma classificação, assim como a epilepsia tem suas apresentações clínicas em diversas faixas etárias.
Nem todo indivíduo que tenha crise epiléptica necessariamente é epiléptico, e isso é importante ser enfatizado aos familiares que tenham pacientes em atendimento nos Ambulatórios de Neurologia, ou em Pronto-Socorros, já que as implicações prognósticas e terapêuticas serão bem diferentes.
O EEG nem sempre se mostra alterado, mesmo em pessoas em que se acredita ter a epilepsia, porém é um exame interessante para seguimento dos pacientes, mas nunca como diagnóstico, pois a anamnese ainda é o padrão-ouro para o diagnóstico.
Epilepsia é distúrbio cerebral crônico de diversas etiologias, caracterizado por manifestações recorrentes clinicamente diversificadas, dentre as quais figuram as convulsões.
A correta caracterização clínica de epilepsia e classificação das crises epilépticas orientam racionalmente o tratamento.
A maioria dos pacientes com epilepsia não obtém cura.
Logo, os anticonvulsivantes são prescritos para prevenir a recorrência de crises.
O objetivo do tratamento é melhor qualidade de vida para o paciente, com melhor controle das crises e o mínimo de efeitos adversos.
A indicação de quando iniciar tratamento farmacológico é ainda uma questão controversa, especialmente a indicação de fazê-lo após a primeira crise, pelo necessário balanço dos riscos de recorrência contra os induzidos por tratamento prolongado com antiepilépticos, tanto em adultos quanto em crianças.
A decisão é individual e baseia-se na avaliação daqueles riscos para cada paciente em particular, afastando fatores provocativos e estabelecendo as restrições devidas ao uso de medicamentos (por exemplo, dirigir veículos).
Para uma primeira crise epiléptica não-provocada, usualmente não se prescrevem antiepilépticos.
Há consenso de que o tratamento da epilepsia deva ser iniciado com agente único.
A monoterapia reduz riscos de toxicidade e teratogenicidade, elimina problemas de interação farmacológica, melhora a adesão dos pacientes e simplifica a avaliação da resposta terapêutica.
Diante da persistência de crises, costuma-se aumentar a dose do fármaco de primeira escolha até que surjam efeitos adversos limitantes.
Estudos mostraram que a substituição do agente em monoterapia por outro fármaco resultou em controle adicional de crises em 25% dos pacientes, comparativamente a 23% de pacientes em que se associou um segundo fármaco ao primeiro, sugerindo que ambas as alternativas sejam equivalentes para aumentar o grau de controle.
Em casos de politerapia, algumas regras orientam um regime racional:
1- Associação de fármacos com diferentes mecanismos de ação, visando sinergismo;
2- Associação de fármacos com diferente perfil de efeitos adversos;
3- Não associação de fármacos com significativa capacidade de indução ou inibição enzimática hepática.
Em crianças, o tratamento continua até um a dois anos após os pacientes estarem livres de crises.
Em adultos, não há evidências publicadas que definam a duração de tratamento após uma primeira crise.
Os potenciais de interações medicamentosas e a monitorização de níveis séricos para orientar a prescrição de alguns antiepilépticos são aspectos a considerar na seleção de tratamento.
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