Fisiopatogenia da Migrânea ou Enxaqueca. Seminário. Curso de Medicina da Famema

enxaqueca - meninaSeminário realizado no Ambulatório de Cefaleia –  Ambulatório Mário Covas –  disciplinas Neurologia e Educação em Ciências da Saúde – pelos alunos do 4º ano do curso de medicina da Famema  Lucas Herculano dos Santos Silva, Mariah Guieiro Alves dos Reis, Rhaissa Heinen Peixoto e Rodrigo Takeshi Omoto –  abordando a fisiopatogenia da enxaqueca ou migrânea.

A enxaqueca ou migrânea é uma cefaleia primaria que acomete em média 10%  da população em alguns países.

No Brasil há nítido predomínio na região sudeste em relação a outras regiões, mas é sempre mais prevalente no sexo feminino.

A compreensão dessa importante doença neurológica se explica pela perda de até 4 dias/ano/paciente em empresas onde haja indivíduos com enxaqueca.

Há uma perda laboral nas crises migranosas de maneira não desprezível.

Uma cefaleia primária que pode ser considerada uma das principais causadoras de absenteísmo nas empresas.

De acordo com a classificação de cefaleias da International Headache Society, os principais tipos de migrânea são a sem aura e a com aura. A primeira é conhecida como a enxaqueca comum, em que a dor costuma apresentar duração, características e fenômenos associados típicos, porém não é acompanhada de sintomas ou sinais neurológicos focais transitórios, como ocorre na migrânea com aura.

A crise migranosa divide-se em quatro fases: fase premonitória, aura, cefaleia e fase de resolução.

Essas fases não estão necessariamente presentes em todos os casos.

Os sintomas premonitórios ocorrem até 48 horas antes da crise em 60% dos pacientes.

Os sintomas mais comuns são: alteração do humor, irritabilidade, hiperatividade, sonolência, dificuldade de concentração, bocejar excessivo, hiperosmia, foto e fonofobia, diarreia ou constipação, sede, poliúria, retenção de fluidos, anorexia e apetência por alimentos específicos.

Na migrânea com aura, estão presentes os sintomas neurológicos focais que se instalam de forma gradual, geralmente em 5 a 20 minutos, durando  até 60 minutos ou menos, ocorrendo, na maioria das vezes, antes da fase de dor.

Os sintomas mais comuns são os fenômenos visuais positivos (cintilações, linhas em zigue-zague) e ou negativos (escotomas), seguidos por hemiparestesias e por disfasia.

A cefaleia geralmente é de localização unilateral, de intensidade moderada a forte, de caráter pulsátil e que piora com as atividades físicas rotineiras. Pode ter início em qualquer momento do dia, estendendo-se por horas a dias.

Na maioria dos casos de cefaleia, a história clínica é o principal fator para a elaboração do diagnóstico correto, complementada pelo exame físico.

Elementos fundamentais a serem abordados em casos agudos de cefaleia:

TIPO DE CRISE: as cefaleias primárias tais como a migrânea e a tensional costumam ser cronicamente recorrentes, seguindo sempre um mesmo padrão nos episódios de exacerbação. Uma mudança nesse padrão deve alertar a possibilidade de alguma patologia estrutural intracraniana subjacente.

LOCALIZAÇÃO: a cefaleia tipo tensional é habitualmente generalizada, descrita na maioria dos casos como uma dor em aperto ou “como uma faixa em torno da cabeça”. Na migrânea é mais comum
a dor unilateral.

INTENSIDADE DA DOR: é importante na classificação do tipo de cefaleia e, por isso, para o tratamento mais adequado.

Para classificar a intensidade da dor, podem ser utilizadas diversas escalas consagradas.

A escala numérica é a mais utilizada, quando o médico assistente pergunta ao paciente, numa escala de 0 a 10, significando zero ausência de dor e 10, dor incapacitante. Essa escala também pode
ser utilizada para o acompanhamento de pacientes com quadros álgicos crônicos.

MODIFICAÇÃO COM ATIVIDADES ROTINEIRAS: dor da migrânea costuma ser pulsátil e piorar com atividade física rotineira, enquanto a cefaleia tipo tensional não piora, na maioria dos casos.

HORÁRIO DE INÍCIO: as crises de migrânea podem ocorrer em qualquer hora do dia, mas ocorrem mais no início da manhã ou pela madrugada, acordando o paciente. Já a crise de cefaleia tensional tem início no período da tarde, durando até a noite, sem acordar o paciente.

FENÔMENOS ASSOCIADOS: podem estar presentes fatores associados ao desencadeamento da crise de migrânea, tais como: estresse, insônia ou hipersonia, estímulos sensoriais, ingestão de alimentos gordurosos, menstruação e esforço físico. No caso da cefaleia tipo tensional, o estresse pode estar associado.

SINTOMAS ASSOCIADOS: nas crises de migrânea, é muito comum encontrar náuseas e ou vômitos, fotofobia e fonofobia. Caso ocorram vômitos em jato, sem náuseas, pode ser um caso de hipertensão intracraniana qualquer que seja a etiologia. Nos processos infecciosos do sistema nervoso central, temos náuseas, vômitos, fotofobia e irritabilidade.

FATORES DE MELHORA: na migrânea e nas cefaleias que têm como mecanismo fisiopatogênico uma dilatação das artérias cranianas, todos os procedimentos que diminuem o aporte de sangue para
o segmento cefálico (escalda-pés, compressão digital da artéria carótida externa ou da temporal superficial, aposição de gelo no local da dor) melhoram a intensidade da dor.

FATORES DE PIORA: a dor da migrânea acentua-se com os esforços físicos, o balanceio brusco da cabeça, o pisar forte, bem como com quaisquer procedimentos que aumentem o fluxo sanguíneo cerebral, o que acontece também nas cefaleias que têm como causa um aumento da pressão intracraniana.

INFLUÊNCIA HORMONAL: nas pacientes do sexo feminino, as crises de migrânea habitualmente se iniciam na puberdade, só ocorrem ou são mais intensas nas fases menstruais, podem se agravar com o uso de anticoncepcionais orais e de reposição hormonal e melhoram ou mesmo desaparecem com a gravidez.

ANTECEDENTES PESSOAIS: na migrânea encontra-se história pregressa de vômitos cíclicos quando criança, vertigem paroxística benigna e enjoo de viagem.

Crises convulsivas, principalmente se ocorrer durante esforço físico ou cefaleias abruptas mal diagnosticadas, sugerem a presença de
uma malformação vascular intracraniana.

A existência de traumas cranianos, da coluna cervical ou do pescoço é a chave para o diagnóstico das várias formas clínicas das cefaleias pós-traumáticas.

Antecedentes de infecção sinusal ou do ouvido podem levar à suspeição de uma tromboflebite de veias ou seios venosos encefálicos ou de abscesso cerebral.

Por fim, os hábitos de vida, alimentares e higiênico-dietéticos devem ser pesquisados, pois podem permitir o correto diagnóstico.

ANTECEDENTES FAMILIARES: a história familiar de cefaleia é referida por cerca de 70% dos casos de migrânea, percentual que chega a 100% quando se trata de migrânea hemiplégica familiar.

O Ambulatório de Cefaleia recebe encaminhamentos de usuários do SUS do Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.

Lutemos por uma Saúde Pública com qualidade !

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