Alunos do curso de medicina, mais uma vez, protestaram no dia 29 de setembro de 2011 no pátio da Faculdade de Medicina de Marília ao tomarem conhecimento de que o curso médico avaliado recebeu o conceito de 3 estrelas pelo Guia do Estudante de 2011.
O fato do dia 29 de setembro ocorreu 15 dias após a última manifestação em face de como o curso de medicina vem sendo tratado pela instituição, que na defesa da metodologias ativas de ensino-aprendizagem, se tornaram um fim em si mesmas.
Impossível o diálogo com a coordenadoria do curso de medicina apontam os alunos.
A antiga e tradicional pedagogia de transmissão foi abolida da instituição sob a égide de que na certeza de substitui-la por PBL promoveria excelentes resultados de forma incontestável.
O sistema adotado na Famema é o PBL ou ABP associado à Metodologia Problematizadora.
No PBL da Famema não existem aulas magnas como no método tradicional.
O Ministério de Educação do Brasil seguindo a tendência mundial de se adotar a metodologia Problem-Based Learning (PBL) por meio de programas como o PROMED (Programa de Incentivo às Mudanças Curriculares das Escolas Médicas) e o Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde), custearam à transição para o novo currículo na Famema com investimento do governo federal.
Muitas faculdades se inscreveram nesses programas porém poucas foram selecionadas.
Dos 185 cursos que apresentaram propostas ao Pró-Saúde, apenas 90 (38 de Medicina, 27 de Enfermagem e 25 de Odontologia) foram escolhidos pelo programa.
A Famema foi uma das 38 escolas médicas selecionadas para o Pró-Saúde.
Em 2000, a Famema já havia sido escolhida pelos mesmos órgãos federais para o PROMED, iniciativa que reformulou as diretrizes do ensino da medicina no País.
Outras faculdades selecionadas pelo PROMED foram UNIFESP, UNICAMP, PUC-SP, UEL, FAMEMA, PUC-RS, entre outras.
Muitas declinaram da sugestão do MEC e continuaram no modelo tradicional.
Em que pese a metodologia ativa ser mais uma ferramenta no processo ensino-aprendizagem, não se pode anular a pedagogia de transmissão de conhecimentos de disciplinas básicas como se não fossem mais importantes.
Alguns ufanistas defensores das metodologias ativas afirmam que o aluno diante de uma situação real deverá buscar conhecimentos por competência para dar resolubilidade em determinada situação fática sem necessidade de terem aulas teórica e seminários anteriores na graduação.
O PBL é ativo para o aluno e passivo para professor no processo ensino-aprendizagem ?
Existiria o docente que abriria mão do seu direito de transmitir conhecimento ao aluno ?
Assim decorre que se os alunos passarem nas melhores Residências de Medicina do Brasil, mérito da instituição, mas se não passarem será culpa dos alunos, pois como o ensino é centrado no aluno, ele, em tese, será sempre responsável pelo seu futuro.
É o álibi perfeito para insistir nessa ferramenta/modelo de ensino de forma exclusiva para o curso de medicina, e ainda contar com o “Professor Colaborador ” da Rede de Atenção Básica em Saúde, que muitas vezes, nem quer o aluno estagiando nas USF(s) de Marília e ou de Garça (outro campo de estágio de alunos da 4ª série do curso de medicina.
Inexplicavelmente o atual Secretário Municipal de Saúde de Marília Júlio Zorzetto, o qual é docente na Famema, não permite alunos da medicina em Unidades de Saúde da Família – Rede de Atenção Básica de Marília.
Em síntese nos dias de hoje a Famema é instituição nota/conceito 3 estrelas pelo Guia do Estudante – Editora Abril – que avalia os cursos superiores pelo Brasil, além do INEP ligado do MEC.
Precisamos implementar as metodologias ativas associadas ao modelo tradicional de ensino nas cadeiras básicas: anatomia, histologia, bioquímica, fisiologia, farmacologia, microbiologia, parasitologia, imunologia e patologia.
Egresso de medicina sem dominar essas disciplinas terá grande dificuldade da boa praxis médica.
Em defesa do ensino nas faculdades públicas com qualidade !